quinta-feira, 2 de abril de 2015

Teorias da Aprendizagem III - Teoria de Piaget Parte 2

A Equilibração Majorante
Se pudéssemos examinar com uma lupa a ação de um aprendiz sobre o objeto a ser conhecido por ele, enxergaríamos, na interação entre eles, o processo de Equilibração Majorante.

O processo de Equilibração Majorante compreende as seguintes etapas constitutivas do ato de aprender: desequilíbrio, assimilação, acomodação e equilíbrio. Assim, a Equilibração Majorante pode ser definida como o processo pelo qual o sujeito passa de um estágio de menor conhecimento a um estágio de maior conhecimento, indo do desequilíbrio ao equilíbrio por meio de assimilações e acomodações constantes.

Segundo Piaget, o que nos motiva para a aprendizagem são os problemas cotidianos, os fatores desafiantes, os conflitos intelectuais, ou seja, os desequilíbrios constantes que ocorrem entre o que conhecemos e o que ainda existe a ser conhecido. Dessa forma, estamos em desequilíbrio no processo de aprendizagem quando o conhecimento que temos sobre algo é menor que o conhecimento contido no objeto a ser conhecido.
Se pudéssemos colocar numa balança o conhecimento que tenho sobre informática e o conhecimento sobre informática contido no objeto computador, poderíamos dizer que estou em desequilíbrio com o computador, uma vez que nele estão contidos muito mais conhecimentos sobre informática que os que eu possuo até agora.

Cabe a mim, aprendiz, extrair do objeto computador as informações que desejo. Para tanto, preciso buscar essas informações, preciso agir sobre o objeto a ser conhecido (o computador), preciso interagir com ele. A esse processo de busca ou extração de conhecimento dos objetos a serem conhecidos, Piaget chamou de assimilação.

Assimilação é a responsável por levar até os esquemas cognitivos (esquemas prévios de aprendizagem do sujeito) as novas informações extraídas do objeto que se está conhecendo, produzindo uma modificação e uma reorganização nos esquemas de conhecer do sujeito, ao que Piaget chama de acomodação.

Os Estágios de Desenvolvimento

São quatro os estágios de desenvolvimento propostos por Piaget: estágio sensório-motor, estágio pré-operatório, estágio operatório-concreto e estágio operatório-formal ou lógico-formal, que representam o desenvolvimento mental humano desde o nascimento até a fase adulta.

O estágio sensório-motor (0–2 anos)

Costumamos dizer que nesse estágio o bebê conhece o mundo por meio dos seus sentidos e de seus atos motores, que são inicialmente involuntários, ou seja, é a partir de reflexos neurológicos básicos que o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação mental ou pensamento. A relação mãe-bebê é simbiótica (interdependente) e a fala é simbólica.

O estágio pré-operatório (2–7 anos)

Caracteriza-se pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior. Tais esquemas de ação são conseguidos por meio das sequências de assimilações e acomodações que vão sendo realizadas pelas crianças durante suas múltiplas interações com o meio. Esse período é conhecido também como a idade da curiosidade, onde a criança pergunta o tempo todo. Essa curiosidade é despertada com a o desenvolvimento da fala e com o desenvolvimento paralelo da capacidade de realização de representações mentais.

Além disso, a criança nesse estágio é egocêntrica (percebe-se como o centro das ações e seu pensamento continua centrado no seu próprio ponto de vista), não aceita fatos sem explicação (fase dos porquês), já age por simulação, possui percepção global, deixa-se levar pela aparência sem relacionar fatos, distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela.

Apesar disso, a criança nesse estágio ainda não é capaz de operar mentalmente uma ação complexa que exija dela a capacidade de reversibilidade, ou seja, ainda não é capaz de realizar mentalmente uma ação em seu caminho de ida e de volta. Por exemplo, a criança é capaz de compreender que: 2+1=3 e que 3-2=1, mas não compreende que tais operações fazem parte de uma mesma equação num caminho de ida e de volta.

Estágio operatório-concreto (7–12 anos)

A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do modo concreto para chegar à abstração.

Desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior anulando a transformação observada (reversibilidade). É justamente a capacidade de operar uma ação em seu caminho de ida e volta (o que configura a reversibilidade), que marca a passagem do estágio pré-operatório para o estágio operatório-concreto.

Estágio operatório-formal ou lógico-formal (12 anos em diante)

A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais à representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente, buscando a partir da hipótese e não apenas pela observação da realidade. Nessa fase a criança aplica o raciocínio lógico nos problemas. Além disso, outro fator relevante é a atuação autônoma do sujeito e a capacidade de agir tanto independente e mentalmente quanto fisicamente.
Texto: Valéria da Hora Bessa 
Fragmento do Livro: Teorias da Aprendizagem
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