sábado, 2 de maio de 2015

Teorias da Aprendizagem XXII – Madalena Freire e a aprendizagem profissional



História pessoal

Madalena Freire é filha de Paulo Freire e, como tal, sofreu grande influência de seu pai e seus escritos na constituição de sua própria teoria pedagógica. Assim, como pedagoga, desenvolveu uma proposta preocupada principalmente com a Educação Infantil.

Com uma sólida formação acadêmica, Madalena Freire escreveu vários livros e publicou vários artigos nos quais estão registradas suas preocupações com as práticas pedagógicas, com a formação dos professores e os processos de avaliação na Educação Infantil.
Seu trabalho mais famoso é o livro A paixão de conhecer o mundo, escrito a partir da sua experiência com crianças de classes populares da Vila Helena. Essa mesma experiência também deu à Madalena Freire a oportunidade de fundar o Espaço Pedagógico, um centro de formação de professores em São Paulo, do qual é coordenadora e no qual estão organizados alguns grupos de discussão sobre a situação da infância e da Educação no Brasil de hoje.
O vínculo de Madalena Freire com a Educação
Madalena Freire vê na Educação uma possibilidade de humanização da sociedade, demonstrando grande preocupação com as relações estabelecidas no interior das escolas. Por isso mesmo, entende a Educação como um espaço político-pedagógico que tem como mola mestra a paixão que o professor deve ter pelo ato de ensinar e que o aluno deve ter para descobrir as coisas do mundo.

Com isso, Madalena Freire acaba por enfatizar os processos humanísticos da Educação, como a questão da afetividade, afirmando que a construção do conhecimento e a aprendizagem ocorrem em estreita relação com o desenvolvimento afetivo. O afeto, desse modo, passa também a ser percebido na obra de Madalena Freire como uma herança deixada por seu pai em suas reflexões sobre a prática pedagógica.
Poderíamos afirmar que, para Madalena Freire, o educador (artista) é o grande responsável por colocar em prática o processo educacional de forma prazerosa. Do mesmo modo, o professor também é o cientista que se apóia nos métodos de investigação científica na estruturação de suas práticas pedagógicas, sendo também o político que deve se responsabilizar por colocar sua prática pedagógica em prol de uma determinada classe social.
O legado de Paulo Freire
De acordo com entrevista concedida por Madalena Freire ao Jornal do Comércio no ano de 2000, Paulo Freire exerceu forte influência no trabalho dela. A maior influência, talvez, esteja na questão relativa à necessidade de reflexão sobre as práticas educativas e sobre a sistematização rigorosa da teoria que a fundamenta.

Para Madalena Freire, o conhecimento sobre algo só se faz por meio de rigor e sistematização das atividades pedagógicas. Para tanto, se faz necessário que o professor assuma postura de cientista, investigador do processo educacional atuando com base em suas observações, registros (que não podem deixar de ser feitos por nenhum educador comprometido com sua atuação), planejamentos e comparações ( não sobre a capacidade dos alunos, mas sobre si e sua própria atuação ).
Da mesma forma, Madalena Freire comenta também que outra influência do seu pai diz respeito à consideração do aspecto afeto na relação que se constrói entre o ato de aprender e o ato de ensinar. Isso porque a aprendizagem possibilita, segundo ela, as experiências de prazer, de sofrimento, de dor, de alegria, de medo e de frustração.
A questão da cooperação
A questão da cooperação aparece na teoria de Madalena Freire como mais uma concepção fundamentada nas idéias de seu pai, compreendendo também que a aprendizagem só se faz nas trocas constantes que realizamos com o meio e, nele, necessariamente com os outros ao nosso redor.
Para Madalena Freire, sozinhos conseguimos alcançar apenas o nível do estudo, mas para alcançarmos o nível da construção do conhecimento, é necessário que estejamos em grupo, em relação, que na escola tem como mediador o professor.
Um outro ponto importante relacionado à questão da cooperação refere-se ao desenvolvimento da noção de regras com as crianças, incluindo-as em discussões nas quais percebam a autoridade do professor, mas em que também seja facultado a elas a possibilidade de serem ouvidas em suas questões.
O lugar do educador, nesse contexto, é o de, na relação com o grupo, mediar a relação de aprendizagem. O que acontece muitas vezes é a compreensão errada dos professores de que por terem mais conhecimento sobre determinado assunto que seus alunos, podem ser autoritários, colocando-se diante daqueles de maneira hierarquizada, exercitando o poder magistral que todos já conhecemos um dia.

Madalena Freire e a aprendizagem profissional
Desse modo, o que Madalena Freire (2000) observa é que os professores “confundem autoridade com autoritarismo”. A dificuldade estaria então em conseguirmos exercitar uma educação democrática, dando espaço para a organização de espaços de fala e escuta, onde cada ator escolar pudesse experimentar sua autoridade sem atuar de forma centralizadora.
A prática educativa segundo Madalena Freire
Como pudemos perceber, os pensamentos de Paulo Freire exerceram grande influência na composição da teoria de Madalena Freire. Justamente por esse motivo, Madalena Freire trabalha também alguns conceitos próximos aos conceitos de seu pai, como por exemplo, a noção de educação como arte, os centros de interesse e os trabalhos em grupo.

A Educação como arte fala-nos sobre a arte de educar que está no processo educativo, na utilização, pelos professores, dos métodos, na maneira de ordenar, organizar e construir a disciplina bem como na maneira de escolher os pressupostos teóricos que devem ligar o processo educativo com a sociedade a política.

Os centros de interesse, segundo Rodrigues e Pariz (2005, p. 92), referem-se à incorporação da ideia de Paulo Freire sobre os temas geradores na Educação Infantil, entendendo que educar é um ato de ensinar a ler a realidade. Consiste, assim, numa prática a partir da qual se busca atender às necessidades sociais, afetivas e cognitivas das crianças.

O trabalho em grupo é, assim como em Paulo Freire, um instrumento pedagógico para a efetivação de uma educação para a cidadania.

O trabalho pedagógico assim organizado, segundo Madalena Freire, permite refletirmos sobre a prática pedagógica bem como acompanharmos de forma permanente o desenvolvimento do trabalho escolar.

Texto: Valéria da Hora Bessa 
Fragmento do Livro: Teorias da Aprendizagem

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