domingo, 3 de maio de 2015

Teorias da Aprendizagem XXIII – Bruner e a aprendizagem em espiral



História pessoal
Jerome Bruner nasceu em 1915, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos da América. Como psicólogo, interessou-se por estudar os processos de desenvolvimento da cognição humana. Como cognitivista, entende a aprendizagem como um processo de reorganização das estruturas internas da mente.

Suas considerações sobre a aprendizagem passam pelas análises sobre a participação ativa dos alunos no processo de aprender (o que ocorre por meio da aprendizagem por descoberta, exploração de alternativas), pelo currículo em espiral ( forma de apresentação da matéria) e pelo desenvolvimento intelectual do aluno.
Sua teoria tem íntima relação com a teoria de Jean Piaget, uma vez que também compreende o desenvolvimento da inteligência humana como um processo biológico evolutivo, pautado em estágios de desenvolvimento. Segundo Moreira (1983, p. 38), “a idéia de desenvolvimento intelectual ocupa um lugar central na teoria de Bruner”.

Por isso mesmo, ao falar de desenvolvimento da intelectualidade humana, Bruner (1969 apud MOREIRA, 1983, p. 38) considera que:

odesenvolvimento intelectual caracteriza-se por independência crescente da resposta em relação à natureza imediata do estímulo;

o desenvolvimento intelectual baseia-se em absorver eventos, em um sistema de armazenamento que corresponde ao meio ambiente;

o desenvolvimento intelectual é caracterizado por crescente capacidade para lidar com alternativas simultaneamente, atender a várias sequências ao mesmo tempo, e distribuir tempo e atenção, de maneira apropriada, a todas essas demandas múltiplas.

Diante disso, Bruner também considera que para desenvolver cognitivamente um aluno, faz-se necessário que o professor, enquanto motivador da aprendizagem, atue de forma coerente com o que pretende ensinar.
Assim, no desenvolvimento de seus estudos e pesquisas, a partir de análises sobre o processo de ensino, ele interessou-se por compreender como a aprendizagem ocorre, buscando entender as condições de aprendizagem e discutir suas bases de organização. Essas bases dizem respeito à estrutura da matéria, ou seja, à maneira pela qual um determinado conteúdo é transmitido aos alunos.

Segundo Moreira (1983, p. 37), “a tarefa de ensinar determinado conteúdo a uma criança, em qualquer idade, é a de representar a estrutura deste conteúdo em termos da visualização que a criança tem das coisas”. Isso significa dizer que a transmissão de qualquer conteúdo deve ser feita partindo-se da compreensão de como a criança, ou qualquer outro aprendiz, significa o mundo, ou melhor, de como o aprendiz percebe o que lhe está sendo ensinado, adquirindo meios de representar o que ocorre no seu ambiente.

É preciso dizer neste momento que a teoria de Bruner sofre algumas alterações durante seus estudos. Inicialmente, o autor enfatiza a estrutura da matéria como base para um bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Porém, mais tarde, Bruner abre mão de tais considerações e passa a reconsiderar o papel da estrutura da matéria na aprendizagem dos alunos, chegando a afirmar que, se fosse possível, retiraria de seus escritos a ênfase na estrutura da matéria. Isso ocorreu, segundo Bruner, porque à época em que desenvolveu sua teoria (década de 1950), o que prevalecia eram as idéias em torno de uma aprendizagem pautada na compreensão lógica do conhecimento, a partir da compreensão da estrutura do conhecimento, o que serviria para auxiliar novas conquistas sobre o assunto estudado.

Tais ideias levavam em consideração, segundo Moreira (1983, p. 46), que o aprendiz prosseguia a busca por novos conhecimentos pautado numa motivação interna e, além disso, que ao entrar na escola os alunos já apresentavam habilidades específicas treinadas em seu convívio familiar, que facilitariam a aprendizagem. É esse justamente o ponto que leva Bruner a se desfazer de suas ideias sobre a estrutura do ensino: perceber que os alunos não estão motivados internamente, mas que tal motivação precisava partir do próprio processo pedagógico, e entender que os conhecimentos prévios necessários à aquisição de novos conhecimentos pelos alunos não estavam prontos ao chegarem às escolas, mas sim que tais conhecimentos e habilidades estavam diretamente relacionados com a realidade socioeconômica de cada aluno, podendo estes não possuirem nenhuma habilidade para lidar com os conhecimentos formais apresentados pela escola.
Mas então, para que estudamos a teoria de Bruner se ele mesmo, como estudioso, percebeu que suas análises não fazem referência com as situações atuais de ensino?

Achamos relevante tratar da teoria da instrução de Bruner por considerar que nosso ensino, apesar dos avanços em torno das questões pedagógicas, ainda se baseia na instrução, assim como apontava Bruner, ou seja, que nossas escolas ainda se utilizam do modelo de transmissão do conhecimento a partir de uma organização prévia de conteúdos considerados por alguns poucos como sendo importantes de serem transmitidos.

Neste sentido, se vamos utilizar uma forma de ensinar pautada na instrução (modelo conteudista de Educação), precisamos, pelo menos, fazê-lo de forma a considerar maneiras mais favoráveis de ocorrência da aprendizagem.
Texto: Valéria da Hora Bessa 
Fragmento do Livro: Teorias da Aprendizagem

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Um comentário:

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