quarta-feira, 1 de abril de 2015

Teorias da Aprendizagem I

Teorias inatistas, ambientalistas,  interacionistas e sociointeracionistas

Falaremos, neste tópico, sobre o conjunto de teorias que foram sendo criadas para explicar de que forma aprendemos ao longo do nosso desenvolvimento. Vale lembrar que geralmente as teorias da aprendizagem estão associadas às teorias do desenvolvimento humano, justamente porque é durante o desenvolvimento – que vai da infância à fase adulta – que podemos observar como as crianças, os jovens e os adultos vão construindo suas aprendizagens a partir de seus sentidos e percepções.

 Teorias inatistas
Voltando às teorias, iniciemos pelo primeiro grande conjunto de teorias que tentou explicar a aprendizagem, as teorias inatistas. Para começar: vocês sabem o que significa a palavra inato? De acordo com Ferreira (1986, p. 929), significa [aquilo] “que nasce com o indivíduo; congênito; conato; que pertence à natureza de um ser”. Assim, as teorias inatistas são aquelas que acreditam na existência de idéias ou princípios, independente da experiência, ou seja, para tal corrente teórica, a aprendizagem independe daquilo que é vivido pelo sujeito, independe de suas experiências no mundo, estando a aprendizagem relacionada à capacidade congênita do sujeito de desempenhar as tarefas que lhes são propostas.
Segundo Moura, Azevedo e Mehlecke (2006), o inatismo opõe-se à experimentação por considerar que o indivíduo ao nascer já traz determinadas as condições do conhecimento e da aprendizagem que se manifestarão ou imediatamente, ou progressivamente durante o processo de seu desenvolvimento biológico. Assim, toda a atividade de conhecimento passa a ser exclusiva do sujeito que aprende, sem participação do meio.
Podemos classificar como teorias inatistas da aprendizagem, por exemplo, as que falam sobre a aquisição da linguagem, como a proposta por Chomsky1. É o que costumamos chamar de aprendizagem de dentro para fora. 

Teorias ambientalistas
Já as Teorias Ambientalistas levam em consideração o meio no qual a criança está inserida. O ambiente passa a ser o grande responsável pelo que a criança aprende. Para esse conjunto de teorias, a criança aparece como uma folha em branco, na qual serão inscritos hábitos, comportamentos e demais aprendizagens a partir do meio no qual a criança está inserida. Nesse caso, a aprendizagem efetuasse de fora para dentro. É o caso, por exemplo, da teoria comportamentalista ou behaviorista da aprendizagem, que considera a aprendizagem um processo relativo às respostas que o indivíduo dá aos estímulos gerados pelo meio.
Tanto no caso das teorias inatistas quanto no caso das ambientalistas, não se fala em interação entre o dentro e o fora, ou seja, entre a criança e suas estruturas internas e o meio no qual ela está inserida. Essa relação passa a ser encontrada no conjunto de teorias conhecido como interacionistas, da qual fazem parte as teorias construtivistas, que têm como principal teórico Jean Piaget.

Teorias interacionistas
As teorias interacionistas percebem a aprendizagem como um processo de inter-relação entre o sujeito e o objeto. Segundo este conjunto de teorias, é a partir da ação do sujeito sobre o objeto, ou melhor, da interação do sujeito e do objeto que o aprendiz extrai daquilo que quer conhecer as informações necessárias para seu uso, caracterizando um tipo de aprendizagem ativa. É por isso que incluímos nesse conjunto de teorias o construtivismo, pois além de ver a aprendizagem como um processo de interação entre o sujeito e o objeto, também considera o aprendiz um sujeito ativo, construtor (daí a origem do termo construtivismo) de seu próprio conhecimento.

Teorias sociointeracionistas
Já as teorias sociointeracionistas explicam a aprendizagem a partir das interações sociais realizadas pelo sujeito que aprende. Segundo esse conjunto de teorias, é a partir das relações sociais estabelecidas que ocorre não só a construção de um tipo específico de aprendizagem, que é chamada de aprendizagem social (por imitação, de comportamentos, que facilita a socialização), mas também uma aprendizagem mais humana, que envolve não apenas os processos mentais ou os estímulos gerados pelo meio, nem tão somente a interação do sujeito com o objeto de seu interesse, mas passa a levar em consideração também as relações estabelecidas pelo sujeito durante o seu processo de aprender, colocando em foco a relação de sala de aula, ou, mais especificamente, a relação professor–aluno.
É dentro desse variado conjunto de teorias que as teorias da aprendizagem vão sendo formuladas ao longo dos tempos.                                                                    
                                                            Texto: Valéria da Hora Bessa 
Fragmento do Livro: Teorias da Aprendizagem

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