Teorias inatistas,
ambientalistas, interacionistas e sociointeracionistas
Falaremos,
neste tópico, sobre o conjunto de teorias que foram sendo criadas para explicar
de que forma aprendemos ao longo do nosso desenvolvimento. Vale lembrar que
geralmente as teorias da aprendizagem estão associadas às teorias do
desenvolvimento humano, justamente porque é durante o desenvolvimento – que vai
da infância à fase adulta – que podemos observar como as crianças, os jovens e
os adultos vão construindo suas aprendizagens a partir de seus sentidos e
percepções.
Voltando às teorias, iniciemos
pelo primeiro grande conjunto de teorias que tentou explicar a aprendizagem, as
teorias inatistas. Para começar: vocês sabem o que significa a palavra inato?
De acordo com Ferreira (1986, p. 929), significa [aquilo] “que nasce com o indivíduo;
congênito; conato; que pertence à natureza de um ser”. Assim, as teorias
inatistas são aquelas que acreditam na existência de idéias ou princípios,
independente da experiência, ou seja, para tal corrente teórica, a aprendizagem
independe daquilo que é vivido pelo sujeito, independe de suas experiências no
mundo, estando a aprendizagem relacionada à capacidade congênita do sujeito de
desempenhar as tarefas que lhes são propostas.
Segundo Moura, Azevedo e Mehlecke
(2006), o inatismo opõe-se à experimentação por considerar que o indivíduo ao
nascer já traz determinadas as condições do conhecimento e da aprendizagem que
se manifestarão ou imediatamente, ou progressivamente durante o processo de seu
desenvolvimento biológico. Assim, toda a atividade de conhecimento passa a ser
exclusiva do sujeito que aprende, sem participação do meio.
Podemos
classificar como teorias inatistas da aprendizagem, por exemplo, as que falam
sobre a aquisição da linguagem, como a proposta por Chomsky1. É o
que costumamos chamar de aprendizagem de dentro para fora.
Teorias ambientalistas
Já as Teorias Ambientalistas
levam em consideração o meio no qual a criança está inserida. O ambiente passa
a ser o grande responsável pelo que a criança aprende. Para esse conjunto de
teorias, a criança aparece como uma folha em branco, na qual serão inscritos
hábitos, comportamentos e demais aprendizagens a partir do meio no qual a
criança está inserida. Nesse caso, a aprendizagem efetuasse de fora para
dentro. É o caso, por exemplo, da teoria comportamentalista
ou behaviorista da aprendizagem, que considera a aprendizagem um processo
relativo às respostas que o indivíduo dá aos estímulos gerados pelo meio.
Tanto no caso das teorias
inatistas quanto no caso das ambientalistas, não se fala em interação
entre o dentro e o fora, ou seja, entre a criança e suas estruturas internas e
o meio no qual ela está inserida. Essa relação passa a ser encontrada no
conjunto de teorias conhecido como interacionistas, da qual fazem parte as
teorias construtivistas, que têm como principal teórico Jean Piaget.
Teorias interacionistas
As
teorias interacionistas percebem a aprendizagem como um processo de
inter-relação entre o sujeito e o objeto. Segundo este conjunto de teorias, é a
partir da ação do sujeito sobre o objeto, ou melhor, da interação do sujeito e
do objeto que o aprendiz extrai daquilo que quer conhecer as informações
necessárias para seu uso, caracterizando um tipo de aprendizagem ativa. É por
isso que incluímos nesse conjunto de teorias o construtivismo, pois além de ver
a aprendizagem como um processo de interação entre o sujeito e o objeto, também
considera o aprendiz um sujeito ativo, construtor (daí a origem do termo
construtivismo) de seu próprio conhecimento.
Teorias sociointeracionistas
Já as teorias
sociointeracionistas explicam a aprendizagem a partir das interações sociais
realizadas pelo sujeito que aprende. Segundo esse conjunto de teorias, é a
partir das relações sociais estabelecidas que ocorre não só a construção de um
tipo específico de aprendizagem, que é chamada de aprendizagem social (por
imitação, de comportamentos, que facilita a socialização), mas também uma
aprendizagem mais humana, que envolve não apenas os processos mentais ou os
estímulos gerados pelo meio, nem tão somente a interação do sujeito com o
objeto de seu interesse, mas passa a levar em consideração também as relações
estabelecidas pelo sujeito durante o seu processo de aprender, colocando em
foco a relação de sala de aula, ou, mais especificamente, a relação professor–aluno.
É dentro
desse variado conjunto de teorias que as teorias da aprendizagem vão sendo
formuladas ao longo dos tempos.
Texto:
Valéria da Hora Bessa
Fragmento do Livro:
Teorias da Aprendizagem
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