A Teoria de Henri Wallon: emoção,
movimento e cognição
- O papel do movimento na aprendizagem
- O papel do movimento na aprendizagem
A Psicomotricidade tem como objetivo desenvolver o aspecto comunicativo
do corpo, o que equivale a dar ao indivíduo a possibilidade de dominar seu
corpo, de economizar sua energia, de pensar seus gestos a fim de aumentar-lhes
a eficácia e a estética, de completar e aperfeiçoar seu equilíbrio. A prática
psicomotora na Educação é uma atividade de caráter essencialmente educativo e
preventivo. Esta se utiliza do movimento corporal e de atividades lúdicas para
estimular o desenvolvimento psicomotor, promover a integração dos aspectos
motores, cognitivos e socioafetivos, além de preparar as crianças para
aprendizagens futuras, favorecendo consideravelmente a alfabetização e
prevenindo distúrbios de aprendizagem.
Assim,
a prática psicomotora na Educação vai acompanhar o desenvolvimento da criança,
criando condições favoráveis para que o mesmo ocorra de forma harmoniosa. Tal
trabalho tem caráter profilático, pois permite prevenir inadaptações e/ou
defasagens psicomotoras que podem ser difíceis de corrigir depois de
estruturadas.
As
atividades propostas vêm favorecer o desenvolvimento psicomotor e permitir às
crianças expressarem seus sentimentos, idéias e emoções por meio do lúdico. O
trabalho, sendo realizado em grupo, favorece a socialização, as trocas afetivas
e a construção da personalidade pelo descobrimento da própria individualidade.
O espaço oferecido à comunicação e expressão corporal favorece o elo entre o
somático, o psíquico e o emocional.
A
noção espacial, por sua vez, será construída paralelamente ao desenvolvimento
de suas possibilidades de locomoção. No exercício de deslocamento, a criança
vai poder vivenciar o espaço da relação com o outro e assim conhecer seus
limites.
A
educação psicomotora é uma forma de atuação que objetiva facilitar a aprendizagem,
adaptar e situar a criança em relação a seu meio, socializando-a. No processo
educativo, vai valorizar o exercício da liberdade e da criatividade num
contexto onde existe o eu e o outro e, por isso, a solidariedade e a
responsabilidade.
As
atividades com músicas, por exemplo, são fundamentais na aprendizagem e no
desenvolvimento não só psicomotor, mas também no esquema corporal e no
desenvolvimento mental.
A
importância do desenvolvimento do esquema corporal
Falemos agora também sobre o esquema corporal e como
pode ser trabalhado com o auxílio da música. O esquema corporal é a organização
das sensações do próprio corpo em relação aos dados do mundo exterior. Implica
na percepção e controle do corpo e na independência dos diversos segmentos do corpo
entre si e em relação ao tronco.
Assim, podemos definir o esquema corporal como o
conjunto de imagens formadas por uma pessoa sobre sua unidade corporal a partir
de experiências perceptivas. Tais percepções são por nós aproveitadas na
organização dos nossos movimentos posturais.
O trabalho com o corpo é fundamental por ser ele o
primeiro veículo de relação com o mundo. É por meio dele que a criança entra em
contato com o mundo, descobre e estabelece relações consigo, com o outro e com
tudo que está à sua volta.
As brincadeiras com o corpo permitem à criança explorar
as suas possibilidades e fazem parte das suas atividades espontâneas. Por meio
dessas brincadeiras, a criança adquire confiança necessária em si mesma,
descobrindo suas potencialidades e limites. A educação do esquema corporal deve
evoluir do global (a unidade do corpo), da ação (a própria atividade), para a
reflexão (a compreensão e controle do movimento em determinada atividade).
O professor deve observar e estimular os momentos da
brincadeira de cada criança, individualmente ou em grupo, favorecendo a
realização de movimentos que incluem força muscular, destreza, agilidade e
flexibilidade. Deve aproveitar esses momentos para que a criança reconheça,
nomeie e localize as partes do corpo em si e no outro, ao mesmo tempo em que
atende à necessidade de movimento da criança de correr, saltar, entre outros.
As atividades que envolvem todo o corpo desenvolvem as
noções de espaço e posição: dentro/fora; em cima/embaixo; para frente/para
trás; entre outros. Isto favorece a aquisição de noções matemáticas e a
descoberta do mundo à sua volta.
Deste modo, a criança utiliza-se dos seus sentidos para
construir a percepção de seu próprio corpo, percepções estas que envolvem as
noções que vão sendo construídas paralelamente sobre espaço e tempo num
ambiente determinado. Com isso, a referência da criança na sua relação com o
ambiente na qual está inserida e com as outras pessoas ao seu redor é o seu
próprio corpo.
A imagem corporal assim
constituída sofre alterações ao longo da vida de cada indivíduo, evoluindo em
favor das novas adaptações que vão sendo exigidas pelo meio. Podemos dizer,
assim, que existe mobilidade na imagem corporal construída por cada pessoa ao
longo de seu próprio desenvolvimento.
Inúmeras pesquisas, desenvolvidas em diferentes países
e em diferentes épocas, particularmente nas décadas finais do século XX,
confirmam a influência da música no desenvolvimento psicomotor e cognitivo da
criança. Isto porque as canções, desde os momentos iniciais da vida de uma
pessoa, incluindo o período intra-uterino, fazem parte da nossa formação. As
mães de todo o mundo, de maneira instintiva, utilizam a música como um recurso
para criar laços afetivos com seus filhos, mesmo sem saber que, além dos laços afetivos
estão estimulando sensorialmente seus bebês. Tal estimulação ganha importância
na evolução da aprendizagem da criança, uma vez que a música auxiliará o
desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento psicomotor de tal indivíduo.
A estimulação pela música encontra suporte em outros
processos de estimulação que ocorrem concomitantemente com o desenvolvimento do
sentido auditivo. O conjunto dessas estimulações sensoriais vai ser responsável
por parte do desenvolvimento da inteligência humana, segundo Wallon. Além
disso, as atividades relacionadas ao desenvolvimento psicomotor estão
intimamente relacionadas com o fato de o movimento humano desenvolver-se pelo
ritmo (cadência dos movimentos em compasso com o espaço-tempo), do equilíbrio
(sustentação tônica do corpo em torno de um eixo central), da postura
(sustentação tônica do corpo através dos músculos, que podem estar em estado de
retesamento, quando estamos parados ou em movimento, mantendo uma posição
estática ou que exija do corpo tonicidade maior para possibilitar o movimento;
ou em estado de relaxamento, como quando estamos dormindo) e da lateralidade.
Esta última, além de ter correspondência com a compreensão dos sentidos de
esquerda e direita, tem ligação também com as funções auditivas responsáveis
pelo equilíbrio. Este fato é facilmente percebido em pessoas com labirintite,
uma síndrome sensorial relativa à alterações nas estruturas auditivas (ou
ocasionada por questões emocionais, como estresse contínuo) que afeta a
lateralidade e, por consequência, o equilíbrio humano.
Ainda sobre o
desenvolvimento psicomotor, podemos afirmar que existe uma proximidade e uma
ligação aparente entre a educação psicomotora, as brincadeiras e as músicas,
pois o encontro da música com as brincadeiras não só acompanha o
desenvolvimento como estimula as habilidades das crianças e permite também que
elas venham a ter uma noção de espaço e conheçam seus limites.
Psicomotricidade Relacional
Muitos estudos sobre a psicomotricidade humana partem do pressuposto teórico que afirma serem os primeiros anos de vida de suma importância para a evolução da criança como pessoa autônoma, criativa e socializada. É a etapa básica para o posterior equilíbrio da personalidade e para o desenvolvimento da inteligência.
A Psicomotricidade Relacional diz respeito aos problemas de relacionamento enfrentados no âmbito do desenvolvimento motor. Várias são as atividades que podem ser desenvolvidas pelos educadores no interior de suas salas de aula, que têm por objetivo auxiliar na adaptação das crianças comprometidas afetiva ou motoramente ao ambiente escolar/educacional. Apesar de seus profissionais reconhecerem que a psicomotricidade relacional não se desenvolve a partir de princípios pedagógicos, podemos afirmar que sua aplicação, aliada ao desenvolvimento pedagógico realizado pela criança, pode ser bastante útil para aproximar os alunos, criar laços afetivos entre os mesmos e os professores, além de contribuir, em seu sentido amplo, na incorporação da dimensão emocional-afetiva e intelectual.
Deste modo, a função da Psicomotricidade Relacional seria a de desenvolver os núcleos psicoafetivos dos sujeitos em relação, potencializando, por meio do movimento, a compreensão de si e do outro, uma vez que favorece também momentos de contato nos quais a percepção sobre o corpo se altera na relação, em que cada um tem a possibilidade de reconhecer e reconstruir a imagem de sua própria unidade corporal ou de seu próprio esquema corporal.
O olhar de Wallon sobre o desenvolvimento psicomotor
Segundo Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor na medida em que o ato motor é o responsável por propiciar as interações do sujeito com o meio. Apesar disso, à medida que o ato mental vai sendo construído e fortalecido, se sobrepõe ao ato motor, criando um jogo de oposição entre pensamento e ação.
No que se refere à atividade muscular, Wallon diferencia duas funções: a atividade cinética, visível pela mudança de posição do corpo ou de partes do corpo; e a atividade postural, responsável por manter a posição assumida pelo corpo ou partes do corpo. Tais funções estão presentes em todas as nossas ações e funcionam como recurso mediador, por exemplo, na expressão das emoções.
É justamente pela emoção que cativamos o meio para que este nos forneça as informações necessárias ao nosso desenvolvimento cognitivo. Desta forma, quando bebês nos agitamos muito (ato motor) na tentativa de chamar a atenção do meio (afetividade/emoção) sobre a satisfação de alguma das nossas necessidades. Uma vez que somos atendidos ou não, o meio passa anos a fornecer informações que vão sendo aprendidas gradativamente, nos levando até o ponto em que não são mais necessárias agitações corporais ou grandes demonstrações de afeto para nos relacionarmos com o meio, pois somos já capazes de ações mentais que prescindem em grande parte do ato motor e da afetividade.
A esta mudança de contágio do meio que ora se faz pelo ato motor/ emocional, ora pelo ato mental, Wallon chamou de alternância, sugerindo que em cada fase do desenvolvimento humano, uma dessas formas (motora, afetiva ou mental) prevalece sobre a outra.
Ainda segundo Wallon, o papel da Educação seria então o de favorecer o desenvolvimento de cada uma dessas formas de contágio do meio, compreendendo que a sobreposição de uma sobre a outra é momentânea e que ora o aluno terá seu nível cognitivo diminuído em função dos seus afetos (caso dos bebês e, em parte, dos adolescentes), ora o aluno terá seu nível afetivo diminuído em função de suas necessidades intelectuais (caso das crianças em idade escolar e, em parte, dos adolescentes) pelo meio. Podemos dizer, assim, que existe mobilidade na imagem corporal construída por cada pessoa ao longo de seu próprio desenvolvimento.
Inúmeras pesquisas, desenvolvidas em diferentes países e em diferentes épocas, particularmente nas décadas finais do século XX, confirmam a influência da música no desenvolvimento psicomotor e cognitivo da criança. Isto porque as canções, desde os momentos iniciais da vida de uma pessoa, incluindo o período intra-uterino, fazem parte da nossa formação. As mães de todo o mundo, de maneira instintiva, utilizam a música como um recurso para criar laços afetivos com seus filhos, mesmo sem saber que, além dos laços afetivos estão estimulando sensorialmente seus bebês. Tal estimulação ganha importância na evolução da aprendizagem da criança, uma vez que a música auxiliará o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento psicomotor de tal indivíduo.
A estimulação pela música encontra suporte em outros processos de estimulação que ocorrem concomitantemente com o desenvolvimento do sentido auditivo. O conjunto dessas estimulações sensoriais vai ser responsável por parte do desenvolvimento da inteligência humana, segundo Wallon. Além disso, as atividades relacionadas ao desenvolvimento psicomotor estão intimamente relacionadas com o fato de o movimento humano desenvolver-se pelo ritmo (cadência dos movimentos em compasso com o espaço-tempo), do equilíbrio (sustentação tônica do corpo em torno de um eixo central), da postura (sustentação tônica do corpo através dos músculos, que podem estar em estado de retesamento, quando estamos parados ou em movimento, mantendo uma posição estática ou que exija do corpo tonicidade maior para possibilitar o movimento; ou em estado de relaxamento, como quando estamos dormindo) e da lateralidade. Esta última, além de ter correspondência com a compreensão dos sentidos de esquerda e direita, tem ligação também com as funções auditivas responsáveis pelo equilíbrio. Este fato é facilmente percebido em pessoas com labirintite, uma síndrome sensorial relativa à alterações nas estruturas auditivas (ou ocasionada por questões emocionais, como estresse contínuo) que afeta a lateralidade e, por consequência, o equilíbrio humano.
Ainda sobre o desenvolvimento psicomotor, podemos afirmar que existe uma proximidade e uma ligação aparente entre a educação psicomotora, as brincadeiras e as músicas, pois o encontro da música com as brincadeiras não só acompanha o desenvolvimento como estimula as habilidades das crianças e permite também que elas venham a ter uma noção de espaço e conheçam seus limites.
Psicomotricidade Relacional
Muitos estudos sobre a psicomotricidade humana partem do pressuposto teórico que afirma serem os primeiros anos de vida de suma importância para a evolução da criança como pessoa autônoma, criativa e socializada. É a etapa básica para o posterior equilíbrio da personalidade e para o desenvolvimento da inteligência.
A Psicomotricidade Relacional diz respeito aos problemas de relacionamento enfrentados no âmbito do desenvolvimento motor. Várias são as atividades que podem ser desenvolvidas pelos educadores no interior de suas salas de aula, que têm por objetivo auxiliar na adaptação das crianças comprometidas afetiva ou motoramente ao ambiente escolar/educacional. Apesar de seus profissionais reconhecerem que a psicomotricidade relacional não se desenvolve a partir de princípios pedagógicos, podemos afirmar que sua aplicação, aliada ao desenvolvimento pedagógico realizado pela criança, pode ser bastante útil para aproximar os alunos, criar laços afetivos entre os mesmos e os professores, além de contribuir, em seu sentido amplo, na incorporação da dimensão emocional-afetiva e intelectual.
Deste modo, a função da Psicomotricidade Relacional seria a de desenvolver os núcleos psicoafetivos dos sujeitos em relação, potencializando, por meio do movimento, a compreensão de si e do outro, uma vez que favorece também momentos de contato nos quais a percepção sobre o corpo se altera na relação, em que cada um tem a possibilidade de reconhecer e reconstruir a imagem de sua própria unidade corporal ou de seu próprio esquema corporal.
O olhar de Wallon sobre o desenvolvimento psicomotor
Segundo Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor na medida em que o ato motor é o responsável por propiciar as interações do sujeito com o meio. Apesar disso, à medida que o ato mental vai sendo construído e fortalecido, se sobrepõe ao ato motor, criando um jogo de oposição entre pensamento e ação.
No que se refere à atividade muscular, Wallon diferencia duas funções: a atividade cinética, visível pela mudança de posição do corpo ou de partes do corpo; e a atividade postural, responsável por manter a posição assumida pelo corpo ou partes do corpo. Tais funções estão presentes em todas as nossas ações e funcionam como recurso mediador, por exemplo, na expressão das emoções.
É justamente pela emoção que cativamos o meio para que este nos forneça as informações necessárias ao nosso desenvolvimento cognitivo. Desta forma, quando bebês nos agitamos muito (ato motor) na tentativa de chamar a atenção do meio (afetividade/emoção) sobre a satisfação de alguma das nossas necessidades. Uma vez que somos atendidos ou não, o meio passa anos a fornecer informações que vão sendo aprendidas gradativamente, nos levando até o ponto em que não são mais necessárias agitações corporais ou grandes demonstrações de afeto para nos relacionarmos com o meio, pois somos já capazes de ações mentais que prescindem em grande parte do ato motor e da afetividade.
A esta mudança de contágio do meio que ora se faz pelo ato motor/ emocional, ora pelo ato mental, Wallon chamou de alternância, sugerindo que em cada fase do desenvolvimento humano, uma dessas formas (motora, afetiva ou mental) prevalece sobre a outra.
Ainda segundo Wallon, o papel da Educação seria então o de favorecer o desenvolvimento de cada uma dessas formas de contágio do meio, compreendendo que a sobreposição de uma sobre a outra é momentânea e que ora o aluno terá seu nível cognitivo diminuído em função dos seus afetos (caso dos bebês e, em parte, dos adolescentes), ora o aluno terá seu nível afetivo diminuído em função de suas necessidades intelectuais (caso das crianças em idade escolar e, em parte, dos adolescentes).
Psicomotricidade Relacional
Muitos estudos sobre a psicomotricidade humana partem do pressuposto teórico que afirma serem os primeiros anos de vida de suma importância para a evolução da criança como pessoa autônoma, criativa e socializada. É a etapa básica para o posterior equilíbrio da personalidade e para o desenvolvimento da inteligência.
A Psicomotricidade Relacional diz respeito aos problemas de relacionamento enfrentados no âmbito do desenvolvimento motor. Várias são as atividades que podem ser desenvolvidas pelos educadores no interior de suas salas de aula, que têm por objetivo auxiliar na adaptação das crianças comprometidas afetiva ou motoramente ao ambiente escolar/educacional. Apesar de seus profissionais reconhecerem que a psicomotricidade relacional não se desenvolve a partir de princípios pedagógicos, podemos afirmar que sua aplicação, aliada ao desenvolvimento pedagógico realizado pela criança, pode ser bastante útil para aproximar os alunos, criar laços afetivos entre os mesmos e os professores, além de contribuir, em seu sentido amplo, na incorporação da dimensão emocional-afetiva e intelectual.
Deste modo, a função da Psicomotricidade Relacional seria a de desenvolver os núcleos psicoafetivos dos sujeitos em relação, potencializando, por meio do movimento, a compreensão de si e do outro, uma vez que favorece também momentos de contato nos quais a percepção sobre o corpo se altera na relação, em que cada um tem a possibilidade de reconhecer e reconstruir a imagem de sua própria unidade corporal ou de seu próprio esquema corporal.
O olhar de Wallon sobre o desenvolvimento psicomotor
Segundo Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor na medida em que o ato motor é o responsável por propiciar as interações do sujeito com o meio. Apesar disso, à medida que o ato mental vai sendo construído e fortalecido, se sobrepõe ao ato motor, criando um jogo de oposição entre pensamento e ação.
No que se refere à atividade muscular, Wallon diferencia duas funções: a atividade cinética, visível pela mudança de posição do corpo ou de partes do corpo; e a atividade postural, responsável por manter a posição assumida pelo corpo ou partes do corpo. Tais funções estão presentes em todas as nossas ações e funcionam como recurso mediador, por exemplo, na expressão das emoções.
É justamente pela emoção que cativamos o meio para que este nos forneça as informações necessárias ao nosso desenvolvimento cognitivo. Desta forma, quando bebês nos agitamos muito (ato motor) na tentativa de chamar a atenção do meio (afetividade/emoção) sobre a satisfação de alguma das nossas necessidades. Uma vez que somos atendidos ou não, o meio passa anos a fornecer informações que vão sendo aprendidas gradativamente, nos levando até o ponto em que não são mais necessárias agitações corporais ou grandes demonstrações de afeto para nos relacionarmos com o meio, pois somos já capazes de ações mentais que prescindem em grande parte do ato motor e da afetividade.
A esta mudança de contágio do meio que ora se faz pelo ato motor/ emocional, ora pelo ato mental, Wallon chamou de alternância, sugerindo que em cada fase do desenvolvimento humano, uma dessas formas (motora, afetiva ou mental) prevalece sobre a outra.
Ainda segundo Wallon, o papel da Educação seria então o de favorecer o desenvolvimento de cada uma dessas formas de contágio do meio, compreendendo que a sobreposição de uma sobre a outra é momentânea e que ora o aluno terá seu nível cognitivo diminuído em função dos seus afetos (caso dos bebês e, em parte, dos adolescentes), ora o aluno terá seu nível afetivo diminuído em função de suas necessidades intelectuais (caso das crianças em idade escolar e, em parte, dos adolescentes) pelo meio. Podemos dizer, assim, que existe mobilidade na imagem corporal construída por cada pessoa ao longo de seu próprio desenvolvimento.
Inúmeras pesquisas, desenvolvidas em diferentes países e em diferentes épocas, particularmente nas décadas finais do século XX, confirmam a influência da música no desenvolvimento psicomotor e cognitivo da criança. Isto porque as canções, desde os momentos iniciais da vida de uma pessoa, incluindo o período intra-uterino, fazem parte da nossa formação. As mães de todo o mundo, de maneira instintiva, utilizam a música como um recurso para criar laços afetivos com seus filhos, mesmo sem saber que, além dos laços afetivos estão estimulando sensorialmente seus bebês. Tal estimulação ganha importância na evolução da aprendizagem da criança, uma vez que a música auxiliará o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento psicomotor de tal indivíduo.
A estimulação pela música encontra suporte em outros processos de estimulação que ocorrem concomitantemente com o desenvolvimento do sentido auditivo. O conjunto dessas estimulações sensoriais vai ser responsável por parte do desenvolvimento da inteligência humana, segundo Wallon. Além disso, as atividades relacionadas ao desenvolvimento psicomotor estão intimamente relacionadas com o fato de o movimento humano desenvolver-se pelo ritmo (cadência dos movimentos em compasso com o espaço-tempo), do equilíbrio (sustentação tônica do corpo em torno de um eixo central), da postura (sustentação tônica do corpo através dos músculos, que podem estar em estado de retesamento, quando estamos parados ou em movimento, mantendo uma posição estática ou que exija do corpo tonicidade maior para possibilitar o movimento; ou em estado de relaxamento, como quando estamos dormindo) e da lateralidade. Esta última, além de ter correspondência com a compreensão dos sentidos de esquerda e direita, tem ligação também com as funções auditivas responsáveis pelo equilíbrio. Este fato é facilmente percebido em pessoas com labirintite, uma síndrome sensorial relativa à alterações nas estruturas auditivas (ou ocasionada por questões emocionais, como estresse contínuo) que afeta a lateralidade e, por consequência, o equilíbrio humano.
Ainda sobre o desenvolvimento psicomotor, podemos afirmar que existe uma proximidade e uma ligação aparente entre a educação psicomotora, as brincadeiras e as músicas, pois o encontro da música com as brincadeiras não só acompanha o desenvolvimento como estimula as habilidades das crianças e permite também que elas venham a ter uma noção de espaço e conheçam seus limites.
Psicomotricidade Relacional
Muitos estudos sobre a psicomotricidade humana partem do pressuposto teórico que afirma serem os primeiros anos de vida de suma importância para a evolução da criança como pessoa autônoma, criativa e socializada. É a etapa básica para o posterior equilíbrio da personalidade e para o desenvolvimento da inteligência.
A Psicomotricidade Relacional diz respeito aos problemas de relacionamento enfrentados no âmbito do desenvolvimento motor. Várias são as atividades que podem ser desenvolvidas pelos educadores no interior de suas salas de aula, que têm por objetivo auxiliar na adaptação das crianças comprometidas afetiva ou motoramente ao ambiente escolar/educacional. Apesar de seus profissionais reconhecerem que a psicomotricidade relacional não se desenvolve a partir de princípios pedagógicos, podemos afirmar que sua aplicação, aliada ao desenvolvimento pedagógico realizado pela criança, pode ser bastante útil para aproximar os alunos, criar laços afetivos entre os mesmos e os professores, além de contribuir, em seu sentido amplo, na incorporação da dimensão emocional-afetiva e intelectual.
Deste modo, a função da Psicomotricidade Relacional seria a de desenvolver os núcleos psicoafetivos dos sujeitos em relação, potencializando, por meio do movimento, a compreensão de si e do outro, uma vez que favorece também momentos de contato nos quais a percepção sobre o corpo se altera na relação, em que cada um tem a possibilidade de reconhecer e reconstruir a imagem de sua própria unidade corporal ou de seu próprio esquema corporal.
O olhar de Wallon sobre o desenvolvimento psicomotor
Segundo Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor na medida em que o ato motor é o responsável por propiciar as interações do sujeito com o meio. Apesar disso, à medida que o ato mental vai sendo construído e fortalecido, se sobrepõe ao ato motor, criando um jogo de oposição entre pensamento e ação.
No que se refere à atividade muscular, Wallon diferencia duas funções: a atividade cinética, visível pela mudança de posição do corpo ou de partes do corpo; e a atividade postural, responsável por manter a posição assumida pelo corpo ou partes do corpo. Tais funções estão presentes em todas as nossas ações e funcionam como recurso mediador, por exemplo, na expressão das emoções.
É justamente pela emoção que cativamos o meio para que este nos forneça as informações necessárias ao nosso desenvolvimento cognitivo. Desta forma, quando bebês nos agitamos muito (ato motor) na tentativa de chamar a atenção do meio (afetividade/emoção) sobre a satisfação de alguma das nossas necessidades. Uma vez que somos atendidos ou não, o meio passa anos a fornecer informações que vão sendo aprendidas gradativamente, nos levando até o ponto em que não são mais necessárias agitações corporais ou grandes demonstrações de afeto para nos relacionarmos com o meio, pois somos já capazes de ações mentais que prescindem em grande parte do ato motor e da afetividade.
A esta mudança de contágio do meio que ora se faz pelo ato motor/ emocional, ora pelo ato mental, Wallon chamou de alternância, sugerindo que em cada fase do desenvolvimento humano, uma dessas formas (motora, afetiva ou mental) prevalece sobre a outra.
Ainda segundo Wallon, o papel da Educação seria então o de favorecer o desenvolvimento de cada uma dessas formas de contágio do meio, compreendendo que a sobreposição de uma sobre a outra é momentânea e que ora o aluno terá seu nível cognitivo diminuído em função dos seus afetos (caso dos bebês e, em parte, dos adolescentes), ora o aluno terá seu nível afetivo diminuído em função de suas necessidades intelectuais (caso das crianças em idade escolar e, em parte, dos adolescentes).
Texto:
Valéria da Hora Bessa
Fragmento
do Livro: Teorias da Aprendizagem
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