Teorias da Aprendizagem VI - A teoria de Vygotsky: Pensamento e Linguagem Parte 3
A linguagem humana, sistema simbólico fundamental na mediação entre sujeito e objeto de conhecimento, tem, para Vygotsky, duas funções básicas: a de intercâmbio social e a de pensamento generalizante.
Isto é, além de servir ao propósito de comunicação entre indivíduos, a linguagem simplifica e generaliza a experiência, ordenando as instâncias dói mundo real em categorias conceituais cujo significado é compartilhado pelos usuários dessa linguagem.Marta K. de OliveiraA importância do estudo das ideias de Vygotsky
Compreendemos que o
aprendizado de modo geral e o aprendizado escolar em particular não só
possibilitam como orientam e estimulam o processo de desenvolvimento. Um
processo que envolve, ao mesmo tempo, quem ensina e quem aprende não se refere
somente a situações em que existe um educador fisicamente presente, pois, como
nos aponta Oliveira (1993, p. 40), a interação social pode manifestar-se por
meio de objetos, eventos, situações, modos da organização do real e na própria
linguagem.
Segundo Maciel (2001, p. 66), Vygotsky destaca o lugar das interações
sociais como “espaço privilegiado de construção de sentidos e, portanto, da
linguagem como criação do sujeito. Considera o pensamento e a linguagem a chave
para a compreensão da natureza da consciência humana”.
A linguagem, segundo
Vygotsky, abre caminhos para a zona de desenvolvimento proximal, isto é, ajuda
a criança a avançar de um nível de desenvolvimento real para uma área de
potencialidades por meio da mediação realizada pelo outro.
Dessa forma, podemos dizer
que Vygotsky tem como um de seus pressupostos básicos a ideia de que o ser
humano constitui-se como tal na sua relação com o outro social, onde a cultura
torna-se parte da natureza humana num processo histórico que, ao longo do
desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico do
homem (OLIVEIRA, 1993, p. 24).
Para Maciel (2001, p. 67),
cada palavra, antes de tudo, é uma reflexão generalizada da realidade. A autora
observa que a relação entre o pensamento e a palavra é um processo vivo, no
qual a palavra confere vida ao pensamento e desenvolve significados e sentidos,
uma vez que o mundo é percebido além dos objetos reais, constituindo-se em
sentido e significado, o que nos possibilita, a partir da linguagem,
interpretar e criar realidades.
É por meio das relações com
o outro e com o mundo que a criança aprende a ler esse mundo e a internalizá-lo. As diversas leituras do mundo
que vão sendo feitas são produções de sentidos e eles não nascem do nada. Eles
são criados, se fundam socialmente e são construídos em confronto com as
relações sócio historicamente determinados (SECRETARIA MUNICIPAL, 1996, p.
66-67).
A
cultura, por sua vez, se presentifica em um espaço de constante movimento de
recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados. Em sua
formação social, o homem é um ser ativo que interage com o mundo cultural na
criação de seu mundo subjetivo. Ao longo de seu desenvolvimento, o indivíduo
toma posse das formas de comportamento fornecidas pela cultura e passa por um
processo em que as atividades externas são transformadas em atividades
internas.
Texto: Valéria da Hora Bessa
Fragmento do Livro: Teorias da Aprendizagem
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